quarta-feira, dezembro 06, 2006
quinta-feira, novembro 30, 2006
Que não se iludam os viajantes mais distraídos: esta blogueira não deixou de viajar!
Na realidade embarcou na aventura mais demorada e desplaneada de sempre, que pode ser mais ou menos seguida noutro sítio :)
Na realidade embarcou na aventura mais demorada e desplaneada de sempre, que pode ser mais ou menos seguida noutro sítio :)
quinta-feira, setembro 07, 2006
(...) entrámos e comprámos e comemos: a cabeça baixa fita nas bandejas, envergonhadíssimos do nosso descontrolo, evitando a culpa nos olhos um do outro.
Mas estava a saber-nos tão bem, porra, comprámos mais: o estômago parecia abrir-se á carne como o mar ao profeta. O meu amor arrotou, eu respondi «saúde» e um fio de riso começou a sacudir-lhe os músculos, a sacudir-me os músculos, nós de boca cheia cada vez mais ridentes, agora cómicos por causa roxidão dos engasganços; e pouco depois chegaram sem retorno as gargalhadas sonoras, abertas, javardas, os comensais do lado «olha os maluquinhos», mas a rir também e a fazer rir os próximos, peças de dominós caindo umas sobre as outras; e havia já quem se rebolasse nos ladrilhos, empregados que batiam os MacBonés no balcão, cáries expostas, lábios escorrendo ketchup como sangue de hemorragias internas e perdigotos de bolos alimentares insolúveis cruzando o espaço.
Saímos para a rua com os rins doridos e, enquanto vomitávamos na sarjeta, ocorreu-nos ir ao pinhal recuperar a muleta de alumínio lacado. Achámo-la logo à primeira – lembrávamo-nos muito bem do sítio –; e, ainda excêntricos dos últimos acontecimentos, quisemos ter uma hora sexual contra um pinheiro. Dele, baloiçando brutamente às minhas brutas investidas, soltou-se uma pinha sobre a nuca do meu amor. «Ai», protestou – e ocorreu-me logo a anedota da formiga e do elefante: «dói, não dói?» (meu deus, quanto riso há dentro de uma pessoa?, que não sei onde fomos buscar mais aquela dose).
António Gregório
linglaterra^2005
Mas estava a saber-nos tão bem, porra, comprámos mais: o estômago parecia abrir-se á carne como o mar ao profeta. O meu amor arrotou, eu respondi «saúde» e um fio de riso começou a sacudir-lhe os músculos, a sacudir-me os músculos, nós de boca cheia cada vez mais ridentes, agora cómicos por causa roxidão dos engasganços; e pouco depois chegaram sem retorno as gargalhadas sonoras, abertas, javardas, os comensais do lado «olha os maluquinhos», mas a rir também e a fazer rir os próximos, peças de dominós caindo umas sobre as outras; e havia já quem se rebolasse nos ladrilhos, empregados que batiam os MacBonés no balcão, cáries expostas, lábios escorrendo ketchup como sangue de hemorragias internas e perdigotos de bolos alimentares insolúveis cruzando o espaço.
Saímos para a rua com os rins doridos e, enquanto vomitávamos na sarjeta, ocorreu-nos ir ao pinhal recuperar a muleta de alumínio lacado. Achámo-la logo à primeira – lembrávamo-nos muito bem do sítio –; e, ainda excêntricos dos últimos acontecimentos, quisemos ter uma hora sexual contra um pinheiro. Dele, baloiçando brutamente às minhas brutas investidas, soltou-se uma pinha sobre a nuca do meu amor. «Ai», protestou – e ocorreu-me logo a anedota da formiga e do elefante: «dói, não dói?» (meu deus, quanto riso há dentro de uma pessoa?, que não sei onde fomos buscar mais aquela dose).
António Gregório
linglaterra^2005
terça-feira, agosto 22, 2006
As férias de praia são, se tudo corre bem, eu depois do jantar debulhando peles mortas das costas do meu amor e o meu amor debulhando o mesmo das minhas, tal e qual o meu avô fazia à minha avó, o meu pai à minha mãe – e quantos prelúdios de horas sexuais felizes, por mais nojento que me seja imaginá-las nos velhos, houve naqueles gestos?
Oh, mas nada cai do céu, só o sol, e ainda assim é preciso apanhá-lo, que a pele é teimosa e não debulha logo à primeira: portanto não me venham com merdas sobre evitar exposições demoradas, sobre usar protectores solares, que o cancro de pele é, aposto, uma invenção novo-riquista trazida de França pelos nossos emigrantes, mais a porcaria dos rebuçados e dos chocolates – se nunca antes dos anos oitenta ouvira falar no assunto.
Não me venham com merdas, dizia eu – mas vieram: O Grande Dermatologista invadiu a areia encabeçando os banheiros que sistematicamente, durante os primeiros dias, nos expulsaram do sono e do sol das duas da tarde a murro e pontapé, bradando raivosos que viéssemos, ao invés, pela madrugada ou ao lusco-fusco. Tem algum jeito?
Descobrimos então, quase ao acaso, nos arredores dali, uma praia secreta onde se podia trabalhar em paz para a debulha. Era um areal de tamanho modesto – claro, ou lá se ia o secretismo –, mas de composição belíssima: corpos vermelhos estendidos à torreira mais intensa, como camarões gigantes, o murmurinho amoral do mar sem bandeiras e um ou outro gemido de carnes acesas que sem querer se tocaram. (...)
António Gregório
portugal^2005
Oh, mas nada cai do céu, só o sol, e ainda assim é preciso apanhá-lo, que a pele é teimosa e não debulha logo à primeira: portanto não me venham com merdas sobre evitar exposições demoradas, sobre usar protectores solares, que o cancro de pele é, aposto, uma invenção novo-riquista trazida de França pelos nossos emigrantes, mais a porcaria dos rebuçados e dos chocolates – se nunca antes dos anos oitenta ouvira falar no assunto.
Não me venham com merdas, dizia eu – mas vieram: O Grande Dermatologista invadiu a areia encabeçando os banheiros que sistematicamente, durante os primeiros dias, nos expulsaram do sono e do sol das duas da tarde a murro e pontapé, bradando raivosos que viéssemos, ao invés, pela madrugada ou ao lusco-fusco. Tem algum jeito?
Descobrimos então, quase ao acaso, nos arredores dali, uma praia secreta onde se podia trabalhar em paz para a debulha. Era um areal de tamanho modesto – claro, ou lá se ia o secretismo –, mas de composição belíssima: corpos vermelhos estendidos à torreira mais intensa, como camarões gigantes, o murmurinho amoral do mar sem bandeiras e um ou outro gemido de carnes acesas que sem querer se tocaram. (...)
António Gregório
portugal^2005
sexta-feira, agosto 18, 2006
PETISCOS :)~
Bolo Lêvedo:
1 Kg de farinha de trigo
300g de açúcar
4 ovos
1 l de leite
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de fermento de padeiro
3 colheres de sopa de margarina
Queijadas de Vila Franca do Campo:
Para a massa:
250 g de farinha
3 gemas pequenas ou 1 ovo inteiro
meia colher de sopa de banha
1 colher de sopa rasa de manteiga
1 colher de sobremesa de açúcar
sal
Para o recheio:
2 litros de leite cru
coalho
6 gemas
1 clara
250 g de açúcar
1 colher de chá de manteiga
1 colher de sopa rasa de farinha
açúcar em pó (açúcar inglês ou de confeiteiro)
açores, s. miguel^2006
Bolo Lêvedo:
1 Kg de farinha de trigo
300g de açúcar
4 ovos
1 l de leite
1 colher de chá de sal
1 colher de sopa de fermento de padeiro
3 colheres de sopa de margarina
Queijadas de Vila Franca do Campo:
Para a massa:
250 g de farinha
3 gemas pequenas ou 1 ovo inteiro
meia colher de sopa de banha
1 colher de sopa rasa de manteiga
1 colher de sobremesa de açúcar
sal
Para o recheio:
2 litros de leite cru
coalho
6 gemas
1 clara
250 g de açúcar
1 colher de chá de manteiga
1 colher de sopa rasa de farinha
açúcar em pó (açúcar inglês ou de confeiteiro)
açores, s. miguel^2006
quinta-feira, julho 20, 2006
sexta-feira, julho 14, 2006
Já com a cabeça nos Açores! \o/
Aqui estamos nós, ainda que a falta de voluptuosidade dos modelitos não nos faça juz:
já de Pico subido, na praia do Porto Formoso no lado norte da ilha de São Miguel : )
podem fazer as vossas animações aqui.
Aqui estamos nós, ainda que a falta de voluptuosidade dos modelitos não nos faça juz:
já de Pico subido, na praia do Porto Formoso no lado norte da ilha de São Miguel : )
podem fazer as vossas animações aqui.
terça-feira, julho 11, 2006
segunda-feira, julho 03, 2006
quinta-feira, junho 29, 2006
Conquilhas à Algarvia:
Lavam-se as conquilhas e põem-se de molho em água com sal durante 12 horas (2 marés).
Cortam-se os alhos em rodelas e alouram-se no azeite. Juntam-se as conquilhas e deixam-se abrir sobre lume brando mexendo de vez em quando.
Retiram-se imediatamente do lume (para não secarem) e polvilham-se com coentros picados e pimenta e regam-se com sumo de limão.
Servem-se com gomos de limão.
portugal^2006
Lavam-se as conquilhas e põem-se de molho em água com sal durante 12 horas (2 marés).
Cortam-se os alhos em rodelas e alouram-se no azeite. Juntam-se as conquilhas e deixam-se abrir sobre lume brando mexendo de vez em quando.
Retiram-se imediatamente do lume (para não secarem) e polvilham-se com coentros picados e pimenta e regam-se com sumo de limão.
Servem-se com gomos de limão.
portugal^2006
domingo, junho 25, 2006
sexta-feira, junho 23, 2006
*abertura oficial da época balnear*
Abertura oficial da época caravanista :)
Utilizando o Google Earth para procurar sítios novos, e, aqui, para recordar sítios visitados:
portugal^2006 (por: google earth)
portugal^2005
portugal^2005
Abertura oficial da época caravanista :)
Utilizando o Google Earth para procurar sítios novos, e, aqui, para recordar sítios visitados:
portugal^2006 (por: google earth)
portugal^2005
portugal^2005
terça-feira, junho 20, 2006
quarta-feira, junho 14, 2006
Neste preciso momento, aqui, no finzinho de Portugal, cai-nos em cima um lamentável cataclismo, para quem está mais ou menos de férias, e em Junho!; chove a cantaros por todos os lados e troveja tanto que a sala ilumina-se toda.
Obriga-me a enrolar-me, feito mariquinhas e rezando a santa Bárbara, no canto do sofá, tentando buscar um pouco de conforto na leitura de um livro, enquanto o Amore - sempre destemido - fuma um cigarro e bebe um café, lá fora, debaixo do alpendre, molhando os dedos dos pés e admirando o espetáculo da narureza.
E reza assim o romance, tremendamente apropriado; no tom, na descrição, nas minhas memórias e no desejo por um ambiente mais quentinho:
Quando chegamos a Benares, um rapaz da minha idade veio ao encontro do meu companheiro e este pediu-lhe que me arranjasse um quarto. Chamava-se Mahendra e era e era professor da Universidade. Homem afável, bom, inteligente; pareceu simpatizar comigo tanto como eu com ele. Levou-me naquela noite a passear de barco no Ganges. Que comoção! Muito bonita, a cidade amontoada até quase à margem do rio; bonito e impressionante. Mas na manhã seguinte, tinha coisa melhor para me mostrar. Veio buscar-me ao hotel e levou-me de novo para o rio. Vi um homem alto e emaciado, com uma massa de cabelos emaranhados e barda desalinhada, tendo apenas uma tanga a cobrir-lhe a nudez, permanecer de pé com os longos braços entendidos de cabeça erguida, e em voz alta orar ao Sol nascente. Não lhe sei dizer que impressão isto me causou, Passei seis meses em Benares e voltei inúmeras vezes ao Ganges, de madrugada, para apreciar o estranho espetáculo. Nunca me cansei de o admirar. Aquela gente não acreditava tibiamente, com restrições ou dúvida inquietante, mas com todas as fibras do seu ser.
W. Somerset Maugham - O Fio da Navalha^1944
Obriga-me a enrolar-me, feito mariquinhas e rezando a santa Bárbara, no canto do sofá, tentando buscar um pouco de conforto na leitura de um livro, enquanto o Amore - sempre destemido - fuma um cigarro e bebe um café, lá fora, debaixo do alpendre, molhando os dedos dos pés e admirando o espetáculo da narureza.
E reza assim o romance, tremendamente apropriado; no tom, na descrição, nas minhas memórias e no desejo por um ambiente mais quentinho:
Quando chegamos a Benares, um rapaz da minha idade veio ao encontro do meu companheiro e este pediu-lhe que me arranjasse um quarto. Chamava-se Mahendra e era e era professor da Universidade. Homem afável, bom, inteligente; pareceu simpatizar comigo tanto como eu com ele. Levou-me naquela noite a passear de barco no Ganges. Que comoção! Muito bonita, a cidade amontoada até quase à margem do rio; bonito e impressionante. Mas na manhã seguinte, tinha coisa melhor para me mostrar. Veio buscar-me ao hotel e levou-me de novo para o rio. Vi um homem alto e emaciado, com uma massa de cabelos emaranhados e barda desalinhada, tendo apenas uma tanga a cobrir-lhe a nudez, permanecer de pé com os longos braços entendidos de cabeça erguida, e em voz alta orar ao Sol nascente. Não lhe sei dizer que impressão isto me causou, Passei seis meses em Benares e voltei inúmeras vezes ao Ganges, de madrugada, para apreciar o estranho espetáculo. Nunca me cansei de o admirar. Aquela gente não acreditava tibiamente, com restrições ou dúvida inquietante, mas com todas as fibras do seu ser.
W. Somerset Maugham - O Fio da Navalha^1944
sexta-feira, maio 12, 2006
quarta-feira, abril 26, 2006
quinta-feira, abril 06, 2006
meus caros amigos S. e N.,
escrevo-vos porque temo que, dadas as stressantes circunstâncias de um safari moderno, voltem desapaixonados de África. ai :(
escrevo-vos porque a viagem que vão fazer não vos dará espaço para fazerem a tal viagem interior que África nos exige, a tal viagem instrospectiva, o tal contacto com as origens dos principios de tudo, com a pureza das poucas coisas que ainda existem naturalmente só por existir.
escrevo-vos porque temo que não possam experienciar como deveriam a grandeza das pequenas coisas, por não terem tempo para ficarem horas só a ouvir, horas só a ver, o sol a descer, a mutação da veracidade das coisas, porque em África uma coisa é verdade ao amanhecer e mentira pelo meio-dia e não devemos respeitá-la mais do que ao maravilhoso e perfeito lago bordejado de ervas que se vê além da planície salgada crestada pelo sol. Atravessámos essa planície pela manhã e sabemos que tal lago não existe. Mas agora está lá e é absolutamente verdadeiro, belo e verosímil.
escrevo, finalmente - em jeito de lembrete, porque insisto para que o leiam antes da partida!!! - para que não se esqueçam do nome do livro "VERDADE AO AMANHECER " do HEMINGWAY.
e depois, quando chegarem,
BEIJEM-NA, CARALHO!
tanzania^2002
escrevo-vos porque temo que, dadas as stressantes circunstâncias de um safari moderno, voltem desapaixonados de África. ai :(
escrevo-vos porque a viagem que vão fazer não vos dará espaço para fazerem a tal viagem interior que África nos exige, a tal viagem instrospectiva, o tal contacto com as origens dos principios de tudo, com a pureza das poucas coisas que ainda existem naturalmente só por existir.
escrevo-vos porque temo que não possam experienciar como deveriam a grandeza das pequenas coisas, por não terem tempo para ficarem horas só a ouvir, horas só a ver, o sol a descer, a mutação da veracidade das coisas, porque em África uma coisa é verdade ao amanhecer e mentira pelo meio-dia e não devemos respeitá-la mais do que ao maravilhoso e perfeito lago bordejado de ervas que se vê além da planície salgada crestada pelo sol. Atravessámos essa planície pela manhã e sabemos que tal lago não existe. Mas agora está lá e é absolutamente verdadeiro, belo e verosímil.
escrevo, finalmente - em jeito de lembrete, porque insisto para que o leiam antes da partida!!! - para que não se esqueçam do nome do livro "VERDADE AO AMANHECER " do HEMINGWAY.
e depois, quando chegarem,
BEIJEM-NA, CARALHO!
tanzania^2002
quinta-feira, março 23, 2006
viagem de Portugal para o Congo, hoje, Zaire. reza assim o diário:
Embarcou no s/s Lourenço Marques no dia 30 de Setembro de 1946 em Lisboa com apenas dois meses de vida.
Foi alojada no camarote nº6 com o Pai e a Mãe.
Chegámos ao Porto de Leixões no dia 1 de Outubro onde desembarcou e foi dar uma volta de carrinho mais os Pais.
No dia 5 de Outubro tiramos uma fotografia no Funchal.
Tirámos uma fotografia em Santomé no dia 15 de Outubro.
Chegada a Luanda no dia 18 de Outubro de 1946.
Instalada na Mampeza casa de Avelino Silva.
Dia 22 partida de avião para Leopoldville (dakota bimotor) sempre bem disposta fez a viagem ao colo da mãe e na sua alcofa.
Chegada a Leopoldville às 5 e meia.
Nesta cidade demos vários passeios indo sempre a bebé. De Leopolville para Matadi viemos de comboio, uma viagem muito maçadora mas sempre bem disposta e muito risonha. Chegámos dia 4. (...)
Embarcou no s/s Lourenço Marques no dia 30 de Setembro de 1946 em Lisboa com apenas dois meses de vida.
Foi alojada no camarote nº6 com o Pai e a Mãe.
Chegámos ao Porto de Leixões no dia 1 de Outubro onde desembarcou e foi dar uma volta de carrinho mais os Pais.
No dia 5 de Outubro tiramos uma fotografia no Funchal.
Tirámos uma fotografia em Santomé no dia 15 de Outubro.
Chegada a Luanda no dia 18 de Outubro de 1946.
Instalada na Mampeza casa de Avelino Silva.
Dia 22 partida de avião para Leopoldville (dakota bimotor) sempre bem disposta fez a viagem ao colo da mãe e na sua alcofa.
Chegada a Leopoldville às 5 e meia.
Nesta cidade demos vários passeios indo sempre a bebé. De Leopolville para Matadi viemos de comboio, uma viagem muito maçadora mas sempre bem disposta e muito risonha. Chegámos dia 4. (...)